Respiro o ar que me sufoca, encontro do céu, do mar,
Da terra, do fogo e do ar.
Juntam-se os quatro elementos,
Numa esquina em meio a fios e a canteiros.
Alí, mais uma brasileira, que toca o couro do pandeiro.
Sambando pra ganhar a vida, abre a cortina da lida,
Respinga o suor, seu grito cinzento, nulo e com som abafado,
Requebra em sua quentinha, que tira de dentro da mochila,
Pedaços de sua história em meio a farelos de feijão,
Do nosso país descoberto por cada cidadão.
A sede então lhe abate, ao som de um liquidificador.
Que canta a roda da roda que gira, nas ruas eu sou você.
Hoje sou mais uma na multidão, que escorrega em pedras de sabão.
Tropeço em rastros de sangue que pintam a tela da minha visão.
Queria escrever seu nome, mostrar na TV aberta, retrato da decomposição.
Do nosso país descoberto por cada cidadão.
Alguém grita por socorro, o som que vem lá do beco, machuca minha audição.
Então eu abro a cartilha o gurí espalha a farinha sua mais pura lição.
E a nuvem escura se mostra, escondida atrás daquela porta querendo ser dona da razão.
Do traço do desempregado em busca de uma oração.
Eu de sapato gasto, mãos, pés e um caderno no braço, escrevo a minha redação.
Do país dos descalços e com gatilhos na mão.
Fatos dos noticiários que embaralham minha visão.
Retrato publicado em manchetes, que você finge ser ilusão.
Do nosso país descoberto por cada cidadão.
PS: Cansei de andar pelas ruas e ver tanta poluição visual e tanta gente sem visão!
É isso!
Marta Monaro
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